sexta-feira, 21 de outubro de 2011

AGORA EM LISBOA - Apresentação das obras "A Caminho de Santa Bárbara" e "Trovador do Douro", dos Autores Maria Cristina Quartas e Mário Anacleto
















FINALMENTE EM LISBOA!







Dia 19 de Novembro às 17h00.





Entrada e presença gratuita.





Apresentação feita pelo ilustre Dr. José Gomes Quadrado








Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro de Lisboa


Praça do Campo Pequeno, 50 – 3º Esqº


1000-081 Lisboa







Tel: 21 793 93 11


Fax: 21 793 91 98









Conto com a tua presença !

"A minha aldeia", do livro "A CAMINHO DE SANTA BÁRBARA"




Ai! no fim da minha aldeia
acaba a luz da candeia
olhas o céu estrelado
nele te sentes cravado

E cada clarão que risca
e cada estrela que pisca
paracem gostar de ti
loucas de te ver ali

A minha aldeia é um monge
é uma terra tão longe
mesmo no meio dos montes
parada nos horizontes

Só ali há natureza
cada flor é uma beleza
cada estrela é nomeada
com seu nome batizada

São estrelas de carne e osso
calcando o mato que roço
as claudinas e cristinas
e mais estrelas matinas

E as estrelas nunca findas
as clarindas e as mais lindas
estrelas tão longe e com luz
redondinhas ou em cruz

Mas não há mar nem há algas
há as aldas e as fidalgas
até a poetisa homera
que já o poeta não espera

Na terra do meu amor
há o burro e o pastor
e até os bazareus
fizeram bazar nos ceus

Há quartas e esperanças
os quadrados e bichanças
augustas e batateiros
e no céu tantos luzeiros

Há teresas e alices
todos fazemos tolices
com o cheirinho da terra
que a manhã desenterra

E para além dos cometas
de cauda longa e facetas
há os tiaitas e dilas
lobos e ursas às filas

Santa Bárbara está perto
dos trovões em tempo incerto
padre nosso que deus fez
p'ra os dominar de uma vez

Ancas de virgem tem ela
e uma cabeça singela
barriguinha de princesa
deitada na pedra tesa

A minha aldeia é lá fora
quase ninguém lá mora
silêncio, saudade e mágoa
que vêm a tona da água

decantados pela vida
dia-a-dia empedernida
há vinhedos e há mós
e o trabalho dos avós

Minha aldeia transformada
nem rica nem atrasada
tão pura, tão em deleite
como a luz do nosso azeite!

Dele se fazem estrelas
pelos montes e ruelas
e no fim, a minha aldeia
acaba na luz da candeia!


in "A Caminho de Santa Bárbara",

Maria Cristina Quartas

"Casinhas de xisto" - do Livro "A Caminho de Santa Bárbara"




Chego de longe da aldeia de onde parti criança,
arregalando os olhos grandes e tão afoitos por aí fora,
de onde ficaram donzelas esquecidas no tempo
e têm agora a cor das casinhas dos bisavós de outrora

Venho de onde o verde se dá com a passarada
e o campo santo tem o tamanhinho do terreiro da vida!
Guardando as almas e as pombas em revoada
intercede e reza Santa Bárbara, no alto da sua ermida!

Ai pedras de xisto que escorreis ao Douro
esta seiva com que se amassa a vida e se turba a voz!
Viveis suspensas com o rigor dos elementos,
finais prensadas como azeitona nos gemidos dessas mós!

Venho alagado em lágrimas de saudade,
de um céu que me cobriu, cravejado de estrelas sem igual
e onde os montes adormeceram gigantes.
Venho do sítio ermo onde há o céu mais lindo de Portugal!


in "A Caminho de Santa Barbara"

Maria Cristina Quartas