sábado, 20 de novembro de 2010

Professor Mário Anacleto Pereira Dias. "Tenho em mim todos os sonhos do mundo", por Maria Cristina Quartas.


http://www.youtube.com/watch?v=HvT03pxhe58


Partilho convosco....


Há momentos na vida que somos obrigados a parar. Parar para reflectir, para analisarmos o que é a vida e qual o seu significado. O que é a vida e o que somos no meio disto tudo.

Falamos no mistério da morte e nem nos apercebemos que somos uma incógnita nesta passagem efémera do tempo, em que o Tudo passa ao Nada, apenas num milésimo dum segundo, por um último simples sopro.

Vivemos ávidos e ansiosos por Ter cada vez mais isto ou aquilo, coisas materiais que não partem connosco e que acabam por se diluir nos escombros terrenos.

Tantas e tantas vezes, privilegiamos o Ter ao Ser, pela ganância de uma conquista em vão.

O que fica afinal de cada um de nós? Qual o significado disto tudo?

Enquanto por cá andamos vamos construindo o nosso Templo Interior, cujo seu adorno é a aprendizagem da vida.

A cultura do Ser é o resultado da sua aprendizagem pela informação que se vai adquirindo. Mas mais do que aquilo que se aprende, é o que se transforma dentro de si. E é isso que o torna Único e diferente de todos os outros.

Ao aprender, vamos contruindo dentro de nós o mundo que idealizamos como verdadeiro e que acreditamos que é o real.

Mas na verdade, cada um de nós tem o seu mundo interior. Um mundo construido de convicções, ideais, afectos e Sonhos.

Deambulamos nesta trajectória sem nos apercebermos que o maior mistério de todos é o Universo. E dele faz parte aquilo que designamos por Vida e Morte.

A Natureza mostra-nos através da sua beleza, que há tempo para nascer, tempo para viver e tempo para morrer.

É o Devir constante da Vida.

O Tempo urge, por isso deveriamos saber aproveitar cada momento, cada instante desta Vida terrena, como se fosse o último.

E viver, não é consumir devorazmente cada instante ou oportunidade pela voluptuosidade dos sentidos. Muito mais que isso: pelo deleite, pelo prazer da alma na partilha com os outros dos nossos saberes. E isso é Amor. Amor espiritual, Amor na comunhão com o Todo - pela partilha da nossa sapiência da Vida!

Ter sonhos, ter projectos... é isso que nos torna verdadeiramente vivos e nos dá sentido na nossa Existência.

O homem parte. Mas são os seus projectos, as suas obras que o tornam imortal e o prolonga na eternidade da Vida.

"Voar nas asas do pensamento", porque dentro de nós existem todos os sonhos do mundo.

Um homem nunca morre, quando deixa um testemunho da sua passagem.


Estas minhas palavras, foi o que o meu Grande Amigo Mário Anacleto Pereira Dias me transmitiu, na convivência sadia que tivemos ao longo de belos e intensos momentos de partilha nos trabalhos que fizemos juntos e naqueles que irei concluir porque eram o seu sonho.


A Vida é como a música. Em que o Professor Mário Anacleto definia desta forma a GESTÃO DO TEMPO "Entrar a Tempo; Medir o Tempo e Sair a Tempo...".


Sair a Tempo!... Saiu no Tempo que lhe estava demarcado. Ou melhor, apenas mudou de lugar. Mas a sua presença continua connosco nas Obras que deixou, nos sonhos que projectou e nas suas palavras.


Obrigada Mário Anacleto. Foste e serás um verdadeiro Mestre do que é a Vida.


Maria Cristina Quartas


http://www.youtube.com/watch?v=HvT03pxhe58

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

"Festum Omnium Sanctorum", por Maria Cristina Quartas


(Dia dos Fiéis Defuntos - Partilho a minha opinião sobre este dia...)


Numa sociedade materializada em que não há tempo para os afectos, nem para as manifestações de sentimentos de amor, de amizade, de respeito, de partilha, de estima... Numa sociedade em que se esquecem as pessoas ainda vivas. O culto da morte é um acto colectivo, um acto cultural social-religioso, que parece querer relembrar a importância do outro nas nossas vidas. E por conseguinte, a importância da própria vida.

Algo controverso e ambíguo: se por um lado não lembramos, por outro não queremos esquecer.

Parece assim, que a morte, é um processo que nos traz à consciência a importância da vida. Por outro lado, ao rejeitarmos a morte e a tornando tabu, estamos a renegá-la.

Ela é o acontecimento que mais sofrimento provoca no ser humano. A separação, a despedida, a saudade, a solidão, o fim de tudo, criam angustias tais, que os nossos meios de defesa e de pensamento racional não conseguem suportar e entender. Por isso (duma forma inconsciente) esquecemo-la. Evitamos de falar nela e raramente pensamos no nosso fim ou daqueles que nos são queridos.

Numa sociedade em os valores espirituais são cad

a vez mais esquecidos e se valoriza mais o Ter do que o Ser... em que os desafios cada vez são mais, na conquista da auto-afirmação na construção do individualismo, egocentrismo de cada um de nós... nesta vida desenfreada na selva que habitamos....o dia de Todos os Santos ou Fiéis Defundos, não passa duma comédia traduzida numa tradição religiosa hipocritamente alimentada (por todos em geral e por cada um em particular). E a Igreja sustenta essa hipocrisia, sem nada fazer no sentido de consciencializar as suas massas da importância da Vida, com teorias eloquentes, em vez de alimentar os medos e anseios da Morte. Alimentando o desconhecido, com fantasias obsoletas de crenças do sobrenatural, criando divindades, deuses e demónios - céus e infernos.

Porque não rever a perspectiva das coisas, duma forma mais racional, mais realista e enquadrada com as necessidades da vida, numa Filosofia mais pragmática desta passagem Terrena? Uma Doutrina mais Racional de valores, de principios e de ética humana (humanizada), em que a neo-Religião não tivesse como lema REZAR (Pedir), mas sim IRRADIAR (atrair pensamentos positivos).

Relembrar quem já partiu (morreu) ou está ausente... também faz parte desta Vida, obviamente. A saudade é um sentimento que precisa de alimento e manifesta-se pela linguagem da necessidade de manifestações/comportamentos humanos. Sentir em silêncio, chorar ou manifestar-se através dum ritual (por exemplo). Mas com sentimentos de gratidão, reconhecimento, saudade e afecto.

Religar ao ser ausente através de pensamentos de bem querer, de Amor Universal... é a maior homenagem que lhe podemos fazer.

Apesar de acreditar convictamente na continuidade da vida (na existência da metafisica e na evolução desta, bem como na transformação da matéria), costumo dizer: Dêem-me flores em Vida.

Pensem em mim, irradiem-me, cobram-me de flores e de carinhos. E quando morrer, queimem o meu corpo efémero e deitem ao vento o pó em cinzas que restará de mim.


Maria Cristina Quartas


http://www.youtube.com/watch?v=YMifpIvSDUs