sexta-feira, 21 de outubro de 2011

"Casinhas de xisto" - do Livro "A Caminho de Santa Bárbara"




Chego de longe da aldeia de onde parti criança,
arregalando os olhos grandes e tão afoitos por aí fora,
de onde ficaram donzelas esquecidas no tempo
e têm agora a cor das casinhas dos bisavós de outrora

Venho de onde o verde se dá com a passarada
e o campo santo tem o tamanhinho do terreiro da vida!
Guardando as almas e as pombas em revoada
intercede e reza Santa Bárbara, no alto da sua ermida!

Ai pedras de xisto que escorreis ao Douro
esta seiva com que se amassa a vida e se turba a voz!
Viveis suspensas com o rigor dos elementos,
finais prensadas como azeitona nos gemidos dessas mós!

Venho alagado em lágrimas de saudade,
de um céu que me cobriu, cravejado de estrelas sem igual
e onde os montes adormeceram gigantes.
Venho do sítio ermo onde há o céu mais lindo de Portugal!


in "A Caminho de Santa Barbara"

Maria Cristina Quartas

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