Lá fora,
chovem gotas de ira
que penetram na terra devorasmente.
No solo corre o sangue da fúria
dos cadáveres mortos nesta aniquilação.
Lá fora,
as papoilas murcharam
e os pardais foram encarcerados.
Nada resta na natureza,
a não ser
capacetes marciais e…
alguns restos (já em putrefacção)
de algo chamado “Homem”
- aqui e além uns miolos e uma mão
esticada pedindo paz.
Lá fora,
tocam as cornetas
e já não há marchas.
Porque o som das cornetas
são gritos de desespero,
que fazem os esqueletos taparem
os ouvidos ou a saírem deste planeta.
Lá fora,
o epipétalo já não é mais estame,
mas bomba nuclear,
onde cada um espera colher o pólen,
para a sua própria sobrevivência.
Lá fora,
fazem abortos dos humanos
e fazem monstros em provetas,
e deixam parir os animais…
Selva tão coordenada…
Quem manda é o leão!
Lá fora,
há já um projecto para uma estátua
dum soldado desconhecido
e sepultam tantos esquecidos!
Lá fora,
é o século das luzes…
Oh, raio de vida,
que me pariste
na maior escuridão dos milénios!
Lá fora,
os defuntos vestem de luto.
Aqui,
Eu visto de branco.
Maria Cristina Quartas
domingo, 15 de novembro de 2009
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